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9 de maio de 2012

Quem é Raisa...

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Tenho 21 anos, 1 computador, 1 honda biz 2001, 2 números de telefone, não sei se tenho créditos na faculdade, pois tenho irresponsabilidade suficiente para desisti de uma faculdade sem mais nem menos. Moro com meus pais há mais ou menos uma semana, trabalho tanto que chega a cansar a alma, estudo pouco, bem pouco, quase nada. Há mais de um ano não saio a noite pra algo mais que um mercadinho e uma padaria, compro leite integral de caixinha por contra própria, reclamo do estresse nosso de cada dia e xingo o trânsito igual gente grande. Pra virar oficialmente adulta, falta só um pouquinho! Não tenho paciência pra muita gente, e deixei de acreditar em muita coisa. Quando eu era criança, pensava nisso. Se um dia eu ia deixar de acreditar. Deixar de acreditar que a gente tem muitos anos pela frente, que existe o Batman, que um príncipe chega, que a gente pode confiar em todo mundo que não tem uma cara muito estranha e que, no final, dá tudo certo. Porque, você sabe, a gente cai da árvore mas do chão não passa. E será que não passa? 
Eu lembro daquela Raísa, que era tímida e envergonhada, que tropeçava em todo paralelepípedo que via pela frente, que gostava de desenhar mas não gostava de dançar. Que achava muito chato quem mandava nos outros, que não entendia porque os adultos não confiam que as crianças sabem o que estão fazendo. Aquela mesma Raisa que hoje têm cicatrizes nas pernas e no cotovelo, de tanta árvore que caiu. Será que o meu eu de 10 anos gostaria de mim, se me conhecesse hoje? Será que aquela Raisa ia olhar pra essa Raisa pensando "Nossa, que mulher chata é essa?"? Será que eu ia me decepcionar com a pessoa que eu tornei? Que conseguiu uma lojinha de roupa intima no centro da cidade, que prestou vestibular para agronomia, e detalhe, já desistiu duas vezes, mas tem um blog falando do quão incerto seu coração é?
Decidi escrever uma carta aqui. Pra deixar registrado nas palavras e no coração. Da Raisa do presente, pra Raisa do futuro, pra ela nunca ser o que eu nunca quis me tornar.


Querida eu,

que você não esteja chata e mandona. Que você esteja deixando as pessoas serem quem elas quiserem ser. Que você continue abraçando apertado sem ter vergonha, caindo e se estrepando, desde que do chão não passe, e acreditando que seus sonhos são de verdade. Que você esteja viajando muito e conhecendo muita gente. E guardando cada um deles dentro de você. Que não esteja desistindo das pessoas. E não desistindo de ser você. Que você esteja arrumando bem a casa, sem preguiça, e até costurando uma cortininha para a janela da cozinha. 
E caso você discorde de alguma coisa escrita aqui, eu te peço, querida eu, me escute. Eu sou você sem um diploma embaixo do braço, sem cicatrizes no coração, e sem desilusão dentro da mala. Então, pelo amor de Deus, querida eu, não me deixe morrer.  



         
                       
                                                                                                          Raisa Mamed



                                    

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